- Eu parecerei sofrer... eu parecerei morrer
(Pequeno Príncipe)
Estou em “crise”. Não sei ao certo o significado ou a abrangência da palavra no momento. O fato é que não encontro outra melhor para descrever o estado de confusão mental que me encontro. Assim como Anne Frank, escrevo para quem sabe sentir enfim um alívio, a dor desaparecer e a coragem voltar... Porém, escrever para mim é algo novo, uma aventura, da qual o que importa não é a partida ou a chegada e sim o percurso, é uma forma de exorcizar meus demônios e esclarecer meus pensamentos, meus ideais e minhas fantasias.
Caro leitor, voltemos a minha “crise”, como me sinto fisicamente? Bem... Estou com náusea, dificuldade de respirar, tonta, taquicardia, dor de cabeça, músculos contraídos, o que me causa enorme fadiga, assim como Atlas parece que carrego o mundo nas costas.
Como me sinto emocionalmente? Vai ser árduo tentar definir, delimitar, compreender, exprimir... Posso falar como me sinto a vontade ao escrever meu primeiro texto? Claro que posso, eu sou o autor e você um mero leitor. Aqui, não se tem regras, posso falar na primeira pessoa, posso abusar das figuras de linguagem e até da metalingüística machadiana (sei que é atrevimento), para quem sempre esteve presa a textos dissertativos esta sendo uma experiência fascinante, talvez por ter a certeza que não haverá leitor, só talvez, mera especulação.
De fato, meu estado de espírito anda um pouco atormentado, sensações e temores que nunca antes havia vivenciado com tal intensidade. Será lucidez? Maturidade? Quem sabe. Hoje não tenho certeza de nada, de quase nada, estou respirando, isso é uma certeza. Embora me aborreça esse fato. Contudo, outras proposituras me ocorreram nessa manhã, vários porquês, alguns talvez e nenhuma conclusão. Foram perguntas inquietantes, que me fizeram esta aqui escrevendo, algumas mais corriqueiras, outras nem tanto. E até agora não lhe expliquei como anda meu humor. Antes, porém, para melhor me entender (se é que o objetivo da leitura é esse) terei de explicar que sou evasiva. Mecanismo de defesa. Aprende se artifícios e cria se muros para não se decepcionar mais uma vez. Mas, sempre acontece de novo, e de novo. É quando você se pergunta: vale a pena se viver? Não sei a resposta, agora só me ocorre perguntas, dolorosas perguntas, que me fazem pensar no sentido disso tudo.
Já tentei ser cética, ateia marxista, behaviorista, tropicalista, narcisista só falta suicida. Não deu certo. Acho que a vida seria mais fácil se simplesmente fosse formosa, ingênua e néscia. A ignorância às vezes é uma dádiva, a consciência sufoca, a liberdade de pensamento angustia,torna-se um fardo, o pensar, o ponderar, a busca da “verdade real”. E assim começo a descrever como me sinto, pois essas mazelas me atormentam. Vivo assim, não sei desde quando, não sei ao certo o porquê, não sei se foi sempre assim, e suspeito que exista outro modo de se viver, só suspeito. Em meio as minhas próprias tristezas, magoas e sofrimentos creio que ainda haja "(...)Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal(...)".